segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

OS JOVEM NOS EUA E A VOLTA PARA CASA DOS PAIS



Metade dos jovens nos EUA volta para a casa dos pais no maior índice desde a Grande Depressão, enquanto no Brasil adultos adiam a independência e transformam a “geração canguru” em regra social

O que antes era visto como uma fase passageira da vida adulta está se consolidando como um novo padrão estrutural em grandes economias. Nos Estados Unidos, um estudo do Pew Research Center revelou que mais de 50% dos jovens entre 18 e 29 anos vivem atualmente com os pais — o maior índice registrado desde a década de 1930, período marcado pela Grande Depressão. O dado não apenas surpreende, como sinaliza uma mudança profunda na forma como a juventude consegue (ou não) construir autonomia financeira.
Esse movimento ganhou força a partir da pandemia, quando milhões de jovens enfrentaram desemprego, redução de renda, aumento expressivo do custo de vida e dívidas estudantis que continuam pesando por anos. Ao mesmo tempo, o preço da moradia disparou, tornando o aluguel ou a compra de um imóvel algo distante da realidade para grande parte dessa geração. Morar sozinho, que antes simbolizava independência, passou a ser tratado como um privilégio restrito.
Especialistas apontam que o fenômeno vai além de uma crise momentânea. Ele reflete uma pressão econômica prolongada e uma redefinição do que significa “ser adulto” em um mundo onde salários não acompanham o custo de vida. O que parecia temporário está se transformando em um arranjo duradouro para milhões de jovens americanos.
No Brasil, o cenário segue a mesma direção — com números igualmente expressivos. Um levantamento da Kantar IBOPE Media mostra que, entre 2012 e 2022, o número de brasileiros de 25 a 34 anos que vivem com os pais cresceu 137%. Em 2022, dois em cada cinco jovens dessa faixa etária ainda moravam com a família, um dado que reforça a consolidação da chamada “geração canguru”.
Os motivos se repetem: custo elevado da moradia, entrada cada vez mais tardia no mercado de trabalho, vínculos profissionais instáveis, rendimentos baixos e períodos mais longos de estudo. Permanecer na casa dos pais deixou de ser exceção e passou a ser uma estratégia de sobrevivência econômica.
Mais do que um comportamento individual, os números indicam uma transformação social ampla, que redefine planos de vida, relações familiares e expectativas de futuro. A pergunta que fica é direta: na sua cidade ou região, essa realidade também já virou o novo normal?

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