sábado, 13 de dezembro de 2025

HOBBY DOGGING


Na Alemanha, uma prática curiosa e pouco convencional vem chamando a atenção de pedestres, da mídia e das redes sociais: o chamado Hobby Dogging. A atividade consiste, literalmente, em sair para passear com um “cão imaginário”, utilizando coleira, guia e até comandos verbais, como se um animal real estivesse ao lado do participante. À primeira vista, a cena provoca estranhamento, risadas e até confusão, mas para quem adere ao movimento, a proposta vai muito além de uma simples excentricidade.
O Hobby Dogging surgiu a partir da iniciativa de uma treinadora na cidade de Bad Friedrichshall, no sul da Alemanha. Inicialmente, a ideia tinha um caráter quase experimental, misturando elementos de treinamento canino, exercícios de postura corporal e práticas de concentração. Com o tempo, a atividade ganhou adeptos curiosos e começou a se organizar de forma mais estruturada, dando origem a encontros coletivos e até workshops específicos.
Nessas oficinas, os participantes aprendem técnicas semelhantes às usadas no adestramento de cães reais. São ensinados aspectos como postura correta ao caminhar, ritmo dos passos, uso da guia, foco visual e até comandos verbais, todos direcionados a um cachorro que só existe na imaginação. O exercício exige atenção constante, pois não há um animal real reagindo ou puxando a coleira. Segundo os organizadores, justamente essa ausência é o ponto central da experiência.
Quem pratica o Hobby Dogging afirma que a atividade funciona como uma forma de atenção plena, ou mindfulness. Sem a necessidade de controlar um cachorro de verdade — que pode se distrair, latir ou puxar —, a pessoa passa a focar totalmente em seus próprios movimentos, na respiração e na consciência corporal. Para alguns participantes, o passeio se torna um momento de pausa mental, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade do cotidiano.
Além disso, há um componente criativo e performático envolvido. Muitos praticantes encaram o Hobby Dogging como uma forma de expressão pessoal, quase uma intervenção urbana silenciosa que questiona normas sociais e expectativas de comportamento em espaços públicos. Caminhar com uma coleira vazia desafia a lógica comum das ruas e convida observadores a refletirem sobre o que é considerado “normal” ou “aceitável”.
Com a viralização de vídeos e fotos nas redes sociais, a prática rapidamente ultrapassou os limites de Bad Friedrichshall e passou a ser conhecida em outras regiões da Alemanha. Comentários variam entre humor, curiosidade e críticas, mas o interesse só cresceu. Para alguns, trata-se apenas de uma brincadeira inofensiva; para outros, é um reflexo da busca contemporânea por novas formas de bem-estar e identidade em uma sociedade cada vez mais acelerada.
O Hobby Dogging também revela como ideias aparentemente excêntricas podem se transformar em movimentos culturais. O que começou como uma iniciativa isolada acabou gerando uma pequena comunidade, com regras próprias, eventos e até discussões sobre os benefícios físicos e psicológicos da prática. Embora não substitua a convivência com um animal real, o passeio com um “cão imaginário” mostra que criatividade e imaginação ainda têm espaço nas cidades modernas.

Em um mundo cada vez mais orientado por produtividade e eficiência, o Hobby Dogging se destaca justamente por não ter uma finalidade prática óbvia. Ele existe pelo simples ato de existir, de caminhar, de imaginar. E talvez seja exatamente isso que o torna tão intrigante: uma lembrança de que nem tudo precisa fazer sentido para ter valor. 

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